“Vós sois o sal da terra. Mas, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais serve, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma casa edificada sobre o monte. E não se acende uma candeia e põe embaixo do alqueire, mas no velador, e ilumina a casa inteira. Assim, pois, resplandeça a vossa luz diante dos homens, a fim de que vejam as vossas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 5.13-16)
[1] O Sermão da Montanha é a síntese do pensamento moral de Jesus, modelo e guia da Humanidade, Espírito cuja evolução permitiu-lhe compreender plenamente os princípios da lei divina ou natural, dividida, conforme a Doutrina Espírita, em leis físicas e morais, e, por conseguinte, compreender o próprio Deus. Nesse Sermão, Jesus resume todo o conhecimento que veio trazer ao mundo, exaltando, principalmente, a Ética que a esse conhecimento se vincula. Todo o discurso ressuma esses postulados que elucidam as diretrizes divinas, propiciando aos discípulos do Evangelho um melhor aproveitamento do ensejo educativo que a reencarnação representa. Deve ele ser objeto de meditação e análise de todo profitente do Espiritismo, posto ser a moral doutrinária espírita a revivescência da moral cristã pulcra, sem as máculas que o tempo e as convenções humanas subalternas nele impregnou.[2] Aristóteles estabeleceu a divisão dos conhecimentos em dois tipos, teoréticos e práticos, definindo estarem entre os primeiros os saberes que resultam de coisas que existem e agem sem interferência do ser humano e, em meio aos segundos, os saberes que dependem da interferência humana. Estabeleceu existirem, no âmbito dos conhecimentos práticos, os relacionados ao fazer humano, ou às artes, que os materialistas dialéticos mais tarde denominaram de técnica, e os relacionados ao agir humano, que os mesmos pensadores chamaram de práxis. O que difere o fazer do agir é o fato de, no segundo tipo de saber, haver uma correlação intrínseca, entre o agente, sua ação e respectiva finalidade. Por exemplo, a propagação da verdade, que é uma virtude, com o objetivo virtuoso de propagá-la, demonstra ser o próprio agente virtuoso. A Ética, dirá Aristóteles, é dessa ordem de conhecimentos.
Na síntese do seu ensinamento moral, que é o Sermão da Montanha[1], usando as metáforas “sal da terra e luz do mundo” para caracterizar os discípulos do Evangelho, Jesus leciona aos seus acólitos, presentes e futuros, qual deve ser a postura desses no uso da mensagem que lhes foi dada. Faz-nos reflexionar sobre a Boa Nova agindo na intimidade de nossa consciência e promovendo o progresso intelecto-moral. À medida que ela se burila, a compreensão dos ensinamentos do Cristo tomam nova feição, descortinando horizontes novos de entendimento, mas suscitando, outrossim, as responsabilidades correlacionadas ao auto e ao halo-descobrimento.
A tendência do aluno é sair da postura contemplativa, passando pela de tarefeiro, muitas vezes de início autômato, até a daquele que, além de pensar, fazer e sentir, é. Como diz o filósofo Huberto Rohden: “Ser é mais importante que fazer”. No entanto, convém salientar que o ser resulta do que pensa, do que sente, do que faz, em suma, do seu agir, conforme a concepção aristotélica do conhecimento[2]. Tudo isso numa perspectiva complexa, não-linear.
Só atingiremos um nível de compreensão plena do Evangelho, na medida em que nos entregarmos ao estudo, meditação e prática das lições nele exaradas, sob a orientação do Cristo, em espírito e verdade.
Para que essa orientação aconteça em termos práticos, no entanto é mister retirar-se os óbices da vaidade, do orgulho, promovendo em si mesmo a humildade. Não a humildade como negação dos próprios talentos e valores individuais, mas entendida como aquela que se manifesta na vinculação das competências intelecto-morais à inspiração do Mestre. Nada melhor para promovê-la que o serviço abnegado no Bem. “O amor cobre a multidão de pecados”, proclamará o apóstolo pescador de almas.
Ao perceber-se como “sal da terra e luz do mundo”, o discípulo sincero de Jesus encontra a sua destinação: a de ser co-criador do Universo, a partir de seu lócus imediato de atuação. Deverá impregnar com o seu sabor (palavra que tem a mesma raiz etimológica que possui a palavra saber) e com sua luz (semiologicamente entendida como conhecimento ou compreensão) tudo e todos que o rodeiam, deixando revelar o Cristo que começa a ser gestado em uns, que se encontra entre a infância e a adolescência em outros e plenamente maduro e vigoroso noutros mais aprendizes da Boa Nova. É esse Cristo vivo, luz da consciência individual e coletiva, que deve ser o anseio de todo coração que se cristianiza.
O olhar do cristão, tendo a sua acuidade aprimorada pelas lentes de Jesus, antecipa as misérias e belezas humanas, indo ao encontro dos infortúnios ocultos e exaltando a Estética elementar da Criação, jacente no recesso de todas as coisas. O exercício da caridade, da promoção da paz, do Bem e do Belo aperfeiçoa-se por intermédio desse profundo mergulho nas águas cristalinas, mas misteriosas, do Evangelho, bem como na profundidade abissal da própria alma que imerge. É um movimento de mão dupla, para dentro e para fora de nós.
Os veros discípulos de Jesus serão aqueles que mais amarem, que atenderem aos pequeninos, que fraternalmente se buscarem, que tornarem cada vez mais abrangente em suas ações, pensamentos e palavras, o conceito de “próximo”. É por essa razão que Allan Kardec argumenta ser a melhor religião a que conseguir formar maior número de homens de bem. A tarefa de religar criatura ao Criador deve ser a de educar o ser humano, com vistas à concretização plena de suas pontencialidades espirituais. Nunca é demasiado repetir, em nosso âmago, o eco multimilenário do Cristo: “Vós sois o sal da terra, a luz do mundo”. Resplandeça a nossa luz através de nossas obras executadas como sagrado ofício dedicado ao Criador, a fim de que, evidenciada a Boa Nova em nós, glorifique a Humanidade o Criador presente em tudo que existe. Sejamos, pois, nesse infinito devir, a imagem da perfeição relativa, ressumada pelos nossos atos, pensamentos, sentimentos e ações. E o Cristo seja em todos nós.
A tendência do aluno é sair da postura contemplativa, passando pela de tarefeiro, muitas vezes de início autômato, até a daquele que, além de pensar, fazer e sentir, é. Como diz o filósofo Huberto Rohden: “Ser é mais importante que fazer”. No entanto, convém salientar que o ser resulta do que pensa, do que sente, do que faz, em suma, do seu agir, conforme a concepção aristotélica do conhecimento[2]. Tudo isso numa perspectiva complexa, não-linear.
Só atingiremos um nível de compreensão plena do Evangelho, na medida em que nos entregarmos ao estudo, meditação e prática das lições nele exaradas, sob a orientação do Cristo, em espírito e verdade.
Para que essa orientação aconteça em termos práticos, no entanto é mister retirar-se os óbices da vaidade, do orgulho, promovendo em si mesmo a humildade. Não a humildade como negação dos próprios talentos e valores individuais, mas entendida como aquela que se manifesta na vinculação das competências intelecto-morais à inspiração do Mestre. Nada melhor para promovê-la que o serviço abnegado no Bem. “O amor cobre a multidão de pecados”, proclamará o apóstolo pescador de almas.
Ao perceber-se como “sal da terra e luz do mundo”, o discípulo sincero de Jesus encontra a sua destinação: a de ser co-criador do Universo, a partir de seu lócus imediato de atuação. Deverá impregnar com o seu sabor (palavra que tem a mesma raiz etimológica que possui a palavra saber) e com sua luz (semiologicamente entendida como conhecimento ou compreensão) tudo e todos que o rodeiam, deixando revelar o Cristo que começa a ser gestado em uns, que se encontra entre a infância e a adolescência em outros e plenamente maduro e vigoroso noutros mais aprendizes da Boa Nova. É esse Cristo vivo, luz da consciência individual e coletiva, que deve ser o anseio de todo coração que se cristianiza.
O olhar do cristão, tendo a sua acuidade aprimorada pelas lentes de Jesus, antecipa as misérias e belezas humanas, indo ao encontro dos infortúnios ocultos e exaltando a Estética elementar da Criação, jacente no recesso de todas as coisas. O exercício da caridade, da promoção da paz, do Bem e do Belo aperfeiçoa-se por intermédio desse profundo mergulho nas águas cristalinas, mas misteriosas, do Evangelho, bem como na profundidade abissal da própria alma que imerge. É um movimento de mão dupla, para dentro e para fora de nós.
Os veros discípulos de Jesus serão aqueles que mais amarem, que atenderem aos pequeninos, que fraternalmente se buscarem, que tornarem cada vez mais abrangente em suas ações, pensamentos e palavras, o conceito de “próximo”. É por essa razão que Allan Kardec argumenta ser a melhor religião a que conseguir formar maior número de homens de bem. A tarefa de religar criatura ao Criador deve ser a de educar o ser humano, com vistas à concretização plena de suas pontencialidades espirituais. Nunca é demasiado repetir, em nosso âmago, o eco multimilenário do Cristo: “Vós sois o sal da terra, a luz do mundo”. Resplandeça a nossa luz através de nossas obras executadas como sagrado ofício dedicado ao Criador, a fim de que, evidenciada a Boa Nova em nós, glorifique a Humanidade o Criador presente em tudo que existe. Sejamos, pois, nesse infinito devir, a imagem da perfeição relativa, ressumada pelos nossos atos, pensamentos, sentimentos e ações. E o Cristo seja em todos nós.
[1] O Sermão da Montanha é a síntese do pensamento moral de Jesus, modelo e guia da Humanidade, Espírito cuja evolução permitiu-lhe compreender plenamente os princípios da lei divina ou natural, dividida, conforme a Doutrina Espírita, em leis físicas e morais, e, por conseguinte, compreender o próprio Deus. Nesse Sermão, Jesus resume todo o conhecimento que veio trazer ao mundo, exaltando, principalmente, a Ética que a esse conhecimento se vincula. Todo o discurso ressuma esses postulados que elucidam as diretrizes divinas, propiciando aos discípulos do Evangelho um melhor aproveitamento do ensejo educativo que a reencarnação representa. Deve ele ser objeto de meditação e análise de todo profitente do Espiritismo, posto ser a moral doutrinária espírita a revivescência da moral cristã pulcra, sem as máculas que o tempo e as convenções humanas subalternas nele impregnou.[2] Aristóteles estabeleceu a divisão dos conhecimentos em dois tipos, teoréticos e práticos, definindo estarem entre os primeiros os saberes que resultam de coisas que existem e agem sem interferência do ser humano e, em meio aos segundos, os saberes que dependem da interferência humana. Estabeleceu existirem, no âmbito dos conhecimentos práticos, os relacionados ao fazer humano, ou às artes, que os materialistas dialéticos mais tarde denominaram de técnica, e os relacionados ao agir humano, que os mesmos pensadores chamaram de práxis. O que difere o fazer do agir é o fato de, no segundo tipo de saber, haver uma correlação intrínseca, entre o agente, sua ação e respectiva finalidade. Por exemplo, a propagação da verdade, que é uma virtude, com o objetivo virtuoso de propagá-la, demonstra ser o próprio agente virtuoso. A Ética, dirá Aristóteles, é dessa ordem de conhecimentos.
1 comment:
Assim seja!
É como se eu pudesse ter estado na nossa Casa da Paz para ouví-lo, caro mestre e irmão.
Obrigado por me trazer luzes neste fim de noite, que encerra um fim de semana maravilhoso para a minha formação e para o meu início de carreira. E que essas luzes permaneçam presentes nesta semana que se inicia para alimentar o meu ânimo de buscar crescer e melhorar, não deixando que o sal se torne insípido.
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